sábado, 25 de fevereiro de 2012

General Antônio de Souza Netto




O Proclamador da República Rio-Grandense

1801 – 1866
General, Brigadeiro (general de brigada)

Antônio de Souza Netto foi um dos líderes da Guerra dos Farrapos (1835/1845) e proclamador da República Rio-Grandense, em 11 de setembro de 1836, e comandante da Vanguarda do Exército de Osório na invasão do Paraguai e de atuação destacada na vitória brasileira em Tuiuti, em 24 de maio de 1866, a maior batalha campal da América do Sul.
“Aqui descansam os restos mortais do brigadeiro Antônio de Souza Neto, falecido na cidade de Corrientes em 1° de julho de 1866”. É o que se lê na lápide do mausoléu do proclamador da República Rio-Grandense, no cemitério de Bagé, RS, para onde foram transladados e definitivamente guardados a 29 de dezembro de 1966.
Nascido em Povo Novo, distrito do Município do Rio Grande, RS, a 11 de fevereiro de 1801, provinha de troncos açorianos e paulistas. Seu pai, o estancieiro José de Souza Neto, nascido no Estreito, RS, em 1764, era filho de açorianos - Francisco de Souza Soares e dona Ana Alexandra Fernandes; sua mãe, dona Teotônia Bueno da Fonseca, natural de Vacaria, era filha de paulistasdescendentes de bandeirantes - Salvador Bueno e dona Inácia Antônia Bueno; duas vezes tetraneto de João de Almeida Naves casado com Maria da Silva Leite; tetraneto do Capitão João Bicudo de Brito cc/ Anna Ribeira de Alvarenga (filha do Capitão Francisco de Alvarenga cc/ Luzia Leme); tetraneto de Diogo Bueno (filho do Ouvidor da capitania de S. Vicente, o Capitão-mór Amador Bueno daRibeira - o Aclamado, cc/ Bernarda Luiz) cc/ Maria de Oliveira; tetraneto do Capitão-mór de Itu, o Sargento-mór de batalha Salvador Jorge Velho cc/ Margarida da Silva (filha do Capitão Pascoal Leite Paes cc/ Maria da Silva Brito); tetraneto do Capitão Manoel do Rêgo Cabral (filho de Francisco deArruda e Sá cc/ Maria de Quadros) cc/ Ângela de Siqueira (filha de Lourenço de Castanho Taques [fº] cc/ Maria de Araújo).





Antônio de Souza Netto era irmão de Florisbelo de Souza Netto, pai do general revolucionário de 1923 Zeca Netto (José Mattos Netto) com Rafaela de Souza Mattos, por sua vez, irmão do Tenente-Coronel Teófilo de Souza Mattos, comandante dos canguçuenses na Guerra do Paraguai e casado na família Borba com ramos em Canguçu na Armada e em Bagé.
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Mas foi em Bagé, RS, que Antônio de Souza Netto desenvolveu a maior parte de sua enorme atividade de guerreiro defensor da Liberdade, da República, da dignidade do Brasil Império que ele profundamente amava como sua Pátria, mas detestava como monarquia. E por isso, feita a paz de Poncho Verde a lº de março de 1845, que pos fim à República Rio-grandense por ele proclamada a 11 de setembro de 1836, destinada a unir-se a todo o Brasil republicano, concordou com os chefes da República que findava para a pacificação do Rio Grande, mas se retirou para Corrientes, República Argentina, exilado voluntário, mas sempre atento às atividades político-sociais do Brasil.
 Estancieiro no Uruguai, com seus campos talados e vazios que tudo lhe levara a Revolução Farroupilha a que se dedicara de corpo e alma - para aí se transportou após alguns anos de repouso em Corrientes. E, nas margens do Queguaí, ao norte de Paissandu, tornou-se, em breve, por sua capacidade de trabalho e inteligência, adiantado estancieiro.
Mas jamais abandonou sua terra natal e seu povo. Sempre de olhos atentos, de quando em quando visitava a sua Bagé dos Campos do Seival, onde proclamara a República Rio-Grandense, tomando conhecimento direto dos acontecimentos. E daí saiu, em 1851, com sua cavalaria Brigada de Voluntários Rio-Grandenses - que organizara à sua custa inteiramente, para os campos da luta contra a ditadura de Rosas, o que lhe valeu a promoção a Brigadeiro Honorário do Exército brasileiro, e a transformação de sua Brigada de Voluntários Gaúchos, em Brigada de Cavalaria Ligeira. Vencido o ditador, voltou à sua estância em Queguaí, para novamente regressar ao Rio Grande do Sul, em 1864, como representante dos estancieiros brasileiros no Uruguai - estancieiros residentes aí -, a fim de apresentar ao Governo imperial as queixas contra assassínios e roubos ali praticados contra ele e seus concidadãos.
Aliás, já em 1859 havia reclamado, violentamente declarando que, se o Governo imperial não tomasse providências, ele, Neto, organizaria sua fôrça e assumiria a responsabilidade de invadir o Uruguai e vingar seus concidadãos. Regularizada a situação, com contemporarizações, e algumas medidas preventivas, em breve tudo voltou ao que era dantes e, novamente agredidos com violência, tornou ao Rio Grande do Sul, mas desta vez com poderes maiores. E, com esses poderes, foi ao Rio de Janeiro e aí, na Corte, onde foi acolhido com bastante afeto, depôs as queixas perante S. M. D. Pedro II. Pouco mais tarde, à frente de sua Brigada de Cavalaria Ligeira, fazendo a vanguarda do Exército, sob o comando do marechal João Propicio Menna Barreto, invadia o Estado Oriental do Uruguai, - em auxílio do Presidente eleito da República, don Venâncio Flores, tomando parte no assalto às trincheiras de Paissandu, onde também se sagrou, no ataque por água, o imperial marinheiro Marcílio Dias, recebendo seu batismo de fogo.



Detalhe da Bandeira do Rio Grande do Sul
Dessa campanha somente regressou a 20 de fevereiro de 1865 para trabalhar com seus patrícios contra o invasor paraguaio. Sua cavalaria ligeira, nos rencontros entre São Borja e Uruguaiana, até a rendição a 18 de setembro de 1865, ostentou, sempre, ao lado da imperial bandeira do Brasil, o pavilhão tricolor da República Rio-Grandense. Aliás, nessa sua força eram numerosos os oficiais e soldados que o haviam acompanhado durante a Revolução Farroupilha.
Em seguida, incorporada a sua força ao Exército do general Manoel Luís Osório, comandante em chefe das tropas em ação no Rio Grande do Sul, Neto transpôs, logo após a rendição de Uruguaiana, o rio Uruguai, marchando por terra até o território paraguaio. E aí, batendo-se com excepcional bravura em Estero Bellaco, a 2 de maio de 1866, e depois em Tuiuti, a 24 daquele mês e ano, foi gravemente ferido. Transportado para o Hospital Militar de Corrientes, faleceu a 1º de julho daquele ano, naquele nosocômio.
Antônio de Souza Neto, tropeiro de profissão, soldado por imposição da Pátria - primeiro a Pátria rio-grandense e depois a grande Pátria brasileira - passou sua existência a serviço da liberdade e da justiça, para o bem do Brasil e do Rio Grande do Sul.
Iniciando sua vida de estudante em Pelotas, com seus irmãos Rafael e Domingos, foi em seguida para Bagé, onde se dedicou à criação de gado. Tropeiro, percorria o Rio Grande e o Estado Oriental, sendo por seu caráter, por sua dignidade e apresentação pessoal, querido e respeitado por todos. Afeiçoado às carreiras, possuía o melhor plantel de cavalos de corridas em cancha reta.
Como todo o rio-grandense que se prezava, naqueles tempos, também Antônio de Souza Neto se apresentou e foi soldado. Aos 28 anos de idade era Capitão de segunda linha. E antes de completar 35 era Coronel de legião, em Bagé, onde dia a dia aumentava de prestígio por seu valor, capacidade e inteligência, a par de um coração boníssimo, sempre pronto a proteger o fraco contra as injustiças, e a justiça contra as violências.
(Lenço dos Farropilhas)

O Movimento Farroupilha, organizado e dirigido por Bento Gonçalves da Silva, encontrou Antônio de Souza Neto já preparado para a defesa dos direitos e liberdades do Rio Grande. O general brigadeiro Antônio de Souza Neto era coronel comandante de legião da Guarda Nacional de Bagé, quando participou da reunião que decidiu pelo início da Revolução Farroupilha em 18 de setembro de 1835, na "Loja Maçônica Filantropia e Liberdade" (vide a Ata e seus termos no impressionante e histórico vídeo, abaixo). Organizou, junto com José Neto, Pedro Marques e Ismael Soares da Silva, o corpo de cavalaria farroupilha. que um ano mais tarde se destacaria nos Campos do Seival, derrotando o grande cabo de guerra imperial general João da Silva Tavares e proclamando a República Rio-Grandense, livre e independente, para livrar o povo rio-grandense "a não sofrer por mais tempo a prepotência de um Governo tirano, arbitrário e cruel como o atual".

Promovido a General da República Rio-Grandense, o grande amigo e admirador de Bento Gonçalves da Silva pouquíssimas vezes foi vencido durante aqueles quase dez anos de lutas constantes de um País inteiro, bem armado e municiado, contra um pugilo de homens livres do Rio Grande do Sul que, sem jamais tirarem os olhos da grande Pátria, preferiam a morte a um acordo desairoso.
Os heróis Lanceiros Negros
O Primeiro Corpo de Lanceiros, sob o comando do então Major Teixeira Nunes, teve importante atuação no combate do Seival, em 11 de setembro de 1836 em reforço à brigada liberal de Antônio de Souza Netto.

Ao final da guerra, alguns poucos justos e livres juntaram-se a outros tantos Farrapos brancos, negros e índios, acolhidos que foram pelo General Antonio Souza Netto, em seu recolhimento lá pelas bandas do Uruguai formando, com amigos e agregados, um exército de cerca de mil homens, autodenominados Guarda Pessoal de Netto, na estância Lá Glória.
Mais tarde o próprio Imperador enviaria emissários ao Uruguai instando o General Netto a servir o Brasil, com seu exército particular de Lanceiros e as suas expensas, nas guerras porvir; e, em todas as lutas consagrou-se herói do Brasil.
E foi ainda Antônio de Souza Neto que, na primeira tentativa de pacificação, em novembro-dezembro de 1840, proposta por Francisco Alvares Machado em nome do Governo imperial, respondeu à consulta de Bento Gonçalves:
- “Enquanto tivermos mil piratinenses e dois mil cavalos, a resposta será esta”, dissera, pondo a mão direita nos copos de sua espada, porque as propostas não haviam sido feitas com muita lisura e estavam muito aquém da dignidade daqueles heróis que se batiam contra o Império, sacrificando tudo por um ideal: saúde, família, bem estar, fortuna e propriedades.
O semanário ilustrado de Porto Alegre, 'Sentinela do Sul', nº 7, de 18 de agosto de 1867, publicando uma bela litografia de I. Weingaertner, retrato do brigadeiro Antônio de Souza Neto, assim termina seu comentário biográfico do proclamador da República Rio-Grandense:
- “Faleceu, pois, o General Neto no cumprimento do mais sagrado dos deveres; e tanto mais apreciável é a sua dedicação quanto é certo que a sua extraordinária riqueza e o prestígio de que gozava o tornavam de tal maneira independente, que tudo quanto fêz foi inteiramente espontâneo e somente inspirado pelo amor à Pátria".
(Guerra dos Farrapos)Realmente, Souza Neto, que se iniciara na vida pública como tropeiro, depois de ter pequena fortuna, entregou-se inteiramente aos ideais políticos consagrados na República Rio-Grandense. Depois, reiniciando e reconstituindo sua fortuna, residindo e com propriedade enorme fora da Pátria, nada mais precisava fazer, e tanto assim que, apesar de pequenas perseguições a agregados seus, fôra sempre respeitado e temido no Uruguai, abalou-se, a bem da justiça, de sua estância e novamente, de armas em punho, defendeu os direitos do Brasil, primeiro, contra Rosas, depois contra Aguirre e, finalmente, contra Solano López, do Paraguai.
(Guerra dos Farrapos) E aí faleceu, vitimado em combate, no imortal combate de Tuiuti, onde outro gaúcho de fibra, Osório, brilhou mostrando ao mundo o valor, a inteireza e a nobreza do povo sul-rio-grandense.
Antônio de Souza Neto, como Manoel Luís Osório, são autênticos símbolos de um povo e legítimos guias da mais briosa cavalaria do mundo: a Cavalaria do Rio Grande do Sul - hoje colocada à margem pela motorização, pelos cavalos-vapor... menos belos, menos brilhantes, mas mais temerosos.

Núcleo Familiar  do General Antônio de Souza Netto
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Associação Cultural
General Antônio de Souza Netto
Presidente:
Nadir Ávila
Endereço:
Rua Caetanópolis, 303
Bairro:
Parque Continental
Cidade
São Paulo
Cep:
05335-120
Fones:
(011) 3714-4223 – 8289-9729
Fundação
09 de junho de 2005
Estância virtual:
Chasque eletrônico:
  • Fontes:
- Academia Militar - Informativo Guararapes: http://www.ahimtb.org.br/gensouzanetto.htm; - Blog Família Naves: http://familiaresnaves.blogspot.com/2011/08/cavalos-cavaleiros-e-cavaleiras.html; 
- Construtores do Rio Grande: http://paginadogaucho.com.br/pers/asn.htm;
- Bicentenário do General Netto: http://www.resenet.com.br/bicentenario_NETTO.htm;
- Genealogia da Família SIlveira (Jeremias):  http://freepages.genealogy.rootsweb.com/~valdenei/PAFg2495.htm#5897;
- Canal Eletrônico - A Maçonaria e a Revolução Farroupilha: 
- Página do Gaúcho - Walter Spalding: http://paginadogaucho.com.br/pers/asn.htm; - Maragato Assessoramento: http://maragatoassessoramento.blogspot.com.br/2011/09/epopeia-farroupilha_24.html.





NOTA DO EDITOR:
Abilon Naves
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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Família é um prato difícil de preparar.

Trecho do livro "O arroz de palma" de Francisco Azevedo
Foto: Casamento realizado em São Paulo/Capital, aos 04 de maio de 1952, de Tertuliana Naves Pinto Lopes - a Telly (n.1930 - f.1989) com o capitão (FAB) Walther Lopes (n.1925 - f.1970).
Telly, então bisneta de João Naves Damasceno II Cc. Maria Abadia Naves
Fonte: Cap. VI, § 7º, seção 2 - Antônio Naves Damasceno Cc. Tertuliana Carolina de Jesus - a Tertuliana Vieira Naves
http://familiaresnaves.blogspot.com/2008/11/1-joo-naves-damasceno68-cc-maria-abadia.html
Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida - azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano - quem diria? - solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente.
E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias - que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar - tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe “Família à Oswaldo Aranha”, “Família à Rossini”, Família à “Belle Meunière” ou “Família ao Molho Pardo” - em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é “à Moda da Casa”. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada - seriam assim um tipo de “Família Diet”, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Há famílias, por exemplo, que levam muito tempo para serem preparadas. Fica aquela receita cheia de recomendações de se fazer assim ou assado - uma chatice! Outras, ao contrário, se fazem de repente, de uma hora para outra, por atração física incontrolável - quase sempre de noite. Você acorda de manhã, feliz da vida, e quando vai ver já está com a família feita. Por isso é bom saber a hora certa de abaixar o fogo. Já vi famílias inteiras abortadas por causa de fogo alto.
Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.